Que horas são?

sábado, 23 de março de 2013




       SE O TEMPO ENTENDESSE DE AMOR...



                                  


[Rosa Passos]


"As horas torturam quem ama,
Correndo ou custando a passar,
Se o tempo entendesse de amor,
Devia parar....

Depois de ler e reler,
A tua carta,
Eu necessito dizer-te,
Toda a verdade,
Ao te encontrar encontrei,
A mim mesma querido,
E descobri a razão,
Da minha vida.

Odeio os ponteiros que correm,
Se estamos perto,
Odeio os ponteiros que param,
Se estamos longe,
As horas torturam quem ama,
Correndo ou custando a passar,
Se o tempo entendesse de amor,
Devia parar.

Odeio os ponteiros que correm,
Se estamos perto,
Odeio os ponteiros que param,
Se estamos longe,
As horas torturam quem ama,
Correndo ou custando a passar,
Se o tempo entendesse de amor,
Devia parar...."














A  PORTA


[Vinícius de Moraes]


"Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa…)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!"




                           









ESQUIRLAS


(Roberta Sá e participação de Jorge Drexler)




"Yo no sé quererte a medias
A media marcha
Yo pongo el aliento en la escarcha
Vo vuelvo a intentar derretirla
Ahí va mi corazón tras la explosión
Juntando esquirlas.

Yo intenté quererte menos
Menos que totalmente
No puedo, sinceramente
Decirte que lo consiga
Crucé tu bosque una y otra vez
Dejando migas

Vaya volando esta canción
Para llegar hasta tu casa
Y que sientas
Cuando llegue la ocasión
Por una vez,
Lo que yo siento que pasa

Yo no sé quererte a medias
Tal vez tu sepas
Yo me desnudo en la estepa
Cada noche a la intemperie
Ahí va mi voz buscándote
Muerta de fiebre

Quisiera saber sortear
Este jardín de resabios
Y llegar hasta el lugar
En donde sea que tu estés
Y susurrarte a los labios"










"Eu não sei te amar pela metade
A meio caminho
Eu coloquei a respiração no gelo
Eu tento de novo derreter
Lá vai meu coração depois da explosão
Juntando lascas

Eu tentei te amar menos
Menos do que totalmente
Eu não posso honestamente
Dizer que consigo
Cruzei a floresta novamente e novamente
Deixando migalhas

Essa canção vai voando
Para chegar a sua casa
E você se sente
Quando chega a hora
Pela primeira vez,
O que eu sinto que acontece

Eu não sei te amar pela metade
Talvez você saiba
Eu estava nua no deserto
Todas as noites ao ar livre
Lá vai a minha voz à tua procura
Morta de febre

Gostaria de saber contornar
Este jardim de remanescentes
E chegar ao lugar
Onde quer que você esteja
E sussurrar aos lábios"







PESSOA




Ah, querem uma luz melhor que a do sol!


"Ah, querem uma luz melhor que a do sol!
Querem campos mais verdes que estes!
Querem flores mais belas que estas que vejo!
A mim este sol, estes campos, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontento,
O que quero é um sol mais sol que o sol,
O que quero é campos mais campos que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Aquela coisa que está ali estava mais ali que ali está!
Sim, choro às vezes o corpo perfeito que não existe.
Mas o corpo perfeito é o corpo mais corpo que pode haver,
E o resto são os sonhos dos homens,
A miopia de quem vê pouco,
E o desejo de estar sentado de quem não sabe estar de pé.
Todo o cristianismo é um sonho de cadeiras.
E como a alma é aquilo que não aparece,
A alma mais perfeita é aquela que não apareça nunca —
A alma que está feita com o corpo
O absoluto corpo das coisas,
A existência absolutamente real sem sombras nem erros
A coincidência exacta (e inteira) de uma coisa consigo mesma."

12-4-1919

“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994.  - 145.






PRANTO



"Hoje eu vou chorar. Vou me dar o luxo de chorar.

Depois de 55 dias, eu vou poder chorar.

Vou chorar pela minha prima e pelos meus tios.

Vou chorar pelos meus alunos.

Vou chorar por todos os 241 inocentes que perderam suas vidas quando só queriam se divertir.

Vou chorar pelos familiares das vítimas, que hoje têm suas casas vazias.

Vou chorar pelas pessoas próximas, que sofreram caladas comigo por 55 dias, me apoiando até este momento.

Vou chorar pelos especialistas em segurança que nos criticaram diuturnamente.

Vou chorar pelas pessoas inescrupulosas que criaram fatos depreciativos para macular minha imagem.

Vou chorar por covardes que forjaram denúncias anônimas contra minha pessoa porque nem tiveram peito de assinar por si próprios.

Vou chorar por esses que perderam dias e dias vasculhando minha vida em busca de fatos depreciativos.

Vou chorar pelos que tentaram imputar a mim gestão política de uma investigação técnica e acompanhada publicamente.

Vou chorar por pessoas nefastas com interesses políticos que me criticaram imputando exatamente a conduta espúria que pautava o seu agir.

Vou chorar por todos que tentaram eximir-se de suas responsabilidades.

Mas vou chorar também de alegria.

Vou chorar de alegria por ter conseguido dar as respostas que de mim eram esperadas.

Vou chorar também de alegria pelos grande amigos que fiz nesses dias tristes.

Vou chorar de alegria pelo reconhecimento público do nosso esforço e dedicação.

Vou chorar de alegria porque talvez nosso trabalho previna futuras tragédias.

Vou chorar de alegria porque, a partir desse fato, as pessoas passarão a ser mais responsáveis com suas atribuições.

Por fim, vou chorar porque tive tempo hoje de lembrar que também sou humano, tenho minhas falhas e fragilidades.

Vou me dar o luxo de chorar porque hoje eu desabei."

MARCELO ARIGONY


[Delegado de Polícia Regional, Dr. Marcelo Mendes Arigon foi responsável pela coordenação das investigações policiais no caso do incêndio da boate "KISS", em Santa Maria]






“Hoje, falho de ti, sou dois a sós.” 



                        Mário de Sá Carneiro




quinta-feira, 21 de março de 2013

OLHOS NEGROS

                                                                                                                 (alma...)







                                       



OLHOS NEGROS






"Olhos negros
Negros são os breus se não são meus ao meu olhar
Olhos negros
Por não serem meus serão do mar
Mares negros

Mares negros
Eu te mergulhei, por serem bons de navegar
Barcos negros
Velas, ventos, naus a me levar
Olhos negros
Diz quem é você
Não me negue o sim
Guarda para mim o negro olhar
Tardes de verão
Noites do sem fim
Ardes para mim negro lunar

Olhos negros
Juro que eu sonhei quando encontrasse me entregar
Luzes negras são como faróis a me guiar
Na luz negra do mar"


(Nana Caymmi e Emílio Santiago)



                                 
                   

quarta-feira, 20 de março de 2013





Canção do ver



"Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição."


(Manoel de Barros)

segunda-feira, 18 de março de 2013




MORENA   DO  MAR

[Dorival Caymmi]




"Ô morena do mar, oi eu, ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar 
Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei
Ô morena do mar, oi eu, Ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar 
Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei
Para te agradar
Ai,eu trouxe os peixinhos do mar
Morena
Para te enfeitar,
Eu trouxe as conchinhas do mar 
As estrelas do céu
Morena 
E as estrelas do mar
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá"






Bulb Fields (also known as Flower Beds in Holland)
Vincent van Gogh - 1883








"Tulipas dão o tom nos arredores de Lisse, cidade a 30 minutos de Amsterdã."
Jornal O GLOBO, 18/03/2013




domingo, 17 de março de 2013




No dia doze de março a loja MARIA TERESA OBJETOS DECORATIVOS  E ESPAÇO DE ARTE completou oito anos. Maria Teresa comemorou com o carinho dos amigos e clientes e nos presenteou com uma exposição dos trabalhos da artista plástica Fátima Annes.
Fátima se dedica à pintura desde os anos 90, é formada em Artes e Pintura pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e trabalha com elementos pictóricos junto ao mestre Fernando Baril.
"REFERÊNCIAS" é o nome desta exposição que nos remete a visitas a museus, figuras de grandes mestres e objetos pessoais como bibelôs, estampas e azulejos.

                                                 






                       
                                                                                 
                              












































Uma noite para celebrar tantos anos de bom convívio, elegância no trato, delicadeza em receber e poesia nos objetos que Maria Teresa tem em sua loja.


Os  quadros continuam em exposição na loja, na rua Tobias da Silva, 174, bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.