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sábado, 3 de agosto de 2013



"Amada Sacerdotisa,

Não existe jeito errado de amar, porque o erro é também uma esperança. O erro é mais esperançoso do que o acerto. O erro nos leva para a compreensão. 

Você está em silêncio, eu estou gritando tinta. Cada um com seu temperamento.

Os dois pensam e sentem em suas ostras. O mar nos movimenta por fora e nós nos movimentamos por dentro. 

Só temos que ir para o mesmo lado, ainda que a correnteza queira nos levar para o oceano mais fundo. 

Temos que caminhar por dentro, nadar por dentro. Para o nosso abraço de espuma. Para as margens de nossos olhos. 

Temos que nos apoiar em fotos, cartas, objetos, mensagens, histórias, lugares prediletos, pessoas que amam nosso amor. 

Jamais facilitar, jamais aceitar passivamente a inexistência. 

Começa o final de semana, amada Sacerdotisa. É o pior momento de minha espera. É onde ficaríamos juntos. Momento de aguda procura. 

Quando os dias são o sofá, a cama e a mesa. Sem você, a casa desaparece. Sozinho na mesa, sou apenas um balcão. Sozinho no sofá, sou apenas uma poltrona. Sozinho na cama de casal, sou apenas um colchonete. 

Hoje me acordei correndo para apagar o alarme e não acordá-la. Foi quando me lembrei que não estava ao meu lado. Dói lembrar. Dói ser. Dói até não ser.

Não há vontade de sair ou de ver ninguém. Não tenho coisa alguma a comemorar. Não é nenhum mérito continuar trabalhando e seguir a rotina, qualquer um faz. Não há nenhum mérito em ser um fantasma ou um morto-vivo. Sem o amor, não somos vistos, somos esquecidos. 

Posso seguir sem você. Mas não posso viver sem você. Posso continuar sem você. Mas não posso viver sem você.

Permaneço parado em seu nome, com a fé de que sente a minha falta e está louca para vir me beijar.

Então, venha, por favor!

Te Amo.

beijo 
do teu
Fabrício
(o Louco)"


Fabrício Carpinejar para a sua amada Juliana



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