Que horas são?

sábado, 23 de junho de 2012



Inventariar a Vida é olhar-se longamente no espelho. Não tenho medo dos seus reflexos, sei os caminhos que trilhei, as opções que fiz, as músicas que embalaram meus dias, as rugas que ganhei. Todos os fantasmas que me acompanham estão lá para confirmar minha humanidade. Sei que a Vida não é linear, há dias felizes e outros difíceis. Há surpresas até nas rotinas.  Aprendi a vivenciar as dores preservando o que de melhor há em mim e a dar as mãos à felicidade quando ela me visita. Reconheço as pedras do caminho, são muitas, imensas, pesadas, às vezes. Tento descobrir a finalidade de cada uma para transformá-las em aprendizado e, algumas vezes, descubro que trazem consigo o mapa de um caminho novo e feliz. 

Mude o dia, o pensamento, a energia. E, para inspirar, ouça "Here Comes The Sun"!





quinta-feira, 21 de junho de 2012






                                    (Frida Kahlo)





Um passeio pelo Museu Frida Kahlo. Em cada canto da CASA AZUL, as intensidades de Frida.




http://www.recorridosvirtuales.com/frida_kahlo/museo_frida_kahlo.html"










"...na saliva. no papel. no eclipse. Em todas as linhas em todas as cores em todos os jarros em meu peito fora. dentro. no tinteiro - nas dificuldades de escrever, no assombro de meus olhos, nas últimas linhas do Sol (o Sol não tem nenhuma linha) em tudo. Dizer "em tudo" é idiota e magnífico. DIEGO em minha urina, DIEGO em minha boca - em meu coração e minha loucura. em meu sono - no papel mata-borrão - na ponta da caneta, nos lápis - nas paisagens - na comida - no meltal - na imaginação. Nas doenças - nas vitrines - em suas lapelas - em seus olhos - em sua boca. em sua mentira. "

Frida Kahlo





                                 (Frida e Diego Rivera)








terça-feira, 19 de junho de 2012

                                                                       (a onda que eu vi...)





"a onda anda
aonde anda
a onda?"


Manuel Bandeira















Delicada e linda! Júlia, minha sobrinha querida! Minha mãe diz que ela é muito parecida comigo, quando criança. Determinada, independente e muito falante. Que ela tenha herdado somente o melhor de mim e que a Vida sorria sempre pra ela.

Adorável, Júlia!




"(...)Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo.(...)"


AQUARELA, (música do Toquinho)




                                      (lucidez...)




"Não deveríamos chamar necessariamente de fracasso um amor que acaba; erigir a duração em valor é uma ideia perigosa, que pode transformar separações bem-vindas e necessárias em processos laboriosos e infinitos."


Contardo Caligaris, “Por que acaba um casal?”

segunda-feira, 18 de junho de 2012

                         (teimosamente, sonho...)



CECÍLIA MEIRELES


(…) ” São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.



Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos — linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel…”



(Do livro “Escolha o seu sonho“, Editora Record- Rio de Janeiro, 2002)

domingo, 17 de junho de 2012

                                           (poesia em flor...)




A POESIA COMO PROVA




"Janto em Teresina com o poeta português Ivo Machado. Ele me mostra um de seus incríveis cadernos de anotações. Escreve seus poemas no interior de quadrados imaginários que tomam só a metade de cada página. E com uma letra minúscula, "para que ninguém os consiga ler". Escreve para si e para ninguém mais. Escreve em segredo, transformando seus poemas em bordados.


Assombro-me com o caderno. É nesses pequenos vícios que se vislumbra a alma de um escritor. O afetuoso Ivo defende sua estratégia minimalista. A poesia é um bem muito precioso, cada vez mais precioso. Devemos protegê-la da fúria do presente. Lembra Ivo, então, de uma frase do Luis Cardoza y Aragon, o poeta guatemalteco falecido em 1992: "A poesia é a única prova concreta da existência do homem".



Envolta na voz de radialista de Ivo Cardoso, a frase fica a me martelar. Toca em um ponto, para mim, crucial: o que liga a literatura à vida. Nas horas mais difíceis, a literatura sempre me salva. Hoje mesmo, em um longo vôo entre Teresina e Recife, com uma estranha conexão em Brasilia, reli _ quase todo _ "O diário da queda", o lindo romance de Michel Laub. Uma gripe me rondava. Ando com problemas de família. Tenho viajado sem parar e isso, se me entusiasma, me cansa também. Em meio à exaustão, o livro de Michel _ como alguém que me amparasse depois de um tombo em 
plena rua _ me deu a mão e me ergueu. Obrigado por isso, Michel.



Nas horas mais absurdas, a literatura _ e já não sei mais separar literatura e poesia _ se torna a única prova de que existir ainda é possível. De que devemos persistir nos caminhos que escolhemos. Devemos apostar no inegociável. Repito a frase de Aragon como se ela me pertencesse _ e de fato já pertence. A poesia é a única prova concreta da existência do homem. Sim, a poesia, que nada deve a ninguém. A ciência tem suas teses e suas demonstrações. A religião, seus dogmas. A filosofia se ampara na armadura dos conceitos. Só a poesia não precisa de artefato algum para afirmar nossa existência. Ela basta, de fato, como prova de que estamos vivos.


Encontro em meu caderno de notas o endereço de Ivo Machado, que ele mesmo anotou com sua letra de calígrafo. O endereço, seguido de email e telefone, ocupa o centro de uma página, como se fosse um poema.Talvez seja um poema. O que é um poema? Em nossa mesa de jantar piauiense, cercados de amigos, havia algo de poético a nos rondar. Algo que afirmava nossa presença. Algo que, sem precisar de provas, provava que estávamos ali. E intensamente vivos."  



José Castello
é jornalista e escritor, colunista do suplemento Prosa & Verso, de O Globo, autor de "Vinicius de Moraes: O poeta da paixão" (Companhia das Letras, 1993), "Inventário das sombras" (Record, 1999) e "A literatura na poltrona" (Record, 2007), entre outros.



                                        (imagem do Google)





Pra começar a semana,  três filtros importantes que podem facilitar a vida e seus caminhos...

Boa semana!